Emeett Show
Eu estava na sala de casa, tentando achar alguma coisa de interessante nos 800 canais da TV e sem conseguir achar nada que me chamasse atenção. Só Edward e Bella estavam em casa, ambos cuidando de minha sobrinha, a pequena Renesmee. Carlisle estava de plantão no hospital. Minha Rose e Esme foram fazer compras em Port Angeles. E, Jasper e a hobitt em forma de vampiro ( também conhecida como Alice) foram caçar. Droga! Eu bem que poderia ter ido com eles, assim se eu encontrasse um urso bem enfurecido poderia me divertir um pouco. Antigamente, quando Bella era humana, eu me divertia muito vendo-a tropeçar nas próprias pernas, era hilário. Mas depois que ela se tornou vampira...
Agora, uma das coisas que eu mais gosto de fazer é dedicar meu tempo a minha sobrinha. Não só eu, como todos os membros da família. Vai ver é por isso que a menina é tão mimada.
- Eu ouvi isso, Emmett. – ouvi Edward dizer de algum lugar da casa.
- Eu pensei alguma mentira? – perguntei a ele.
Como ele não me respondeu, achei que não havia mentira nenhuma. Entediado como estava, precisava arranjar alguma coisa para fazer, pensei em pegar minha bazuca e chamar a Nessie para praticarmos tiro ao alvo na floresta, mas, a mãe dela provavelmente não permitiria...
Cara, o que há de errado em praticar tiro ao alvo com uma bazuca? Eu sempre achei uma brincadeira muito divertida.
De repente, ouvi Nessie descer as escadas e se sentar a meu lado no sofá. Eu dei um abraço na minha sobrinha preferida.
- Tio Emmett! – ela me disse, com seu sorriso lindo.
- Fala, monstrinha!
- Vamos brincar?
Isso! Parecia que a minha tarde sem graça e entediante estava prestes a tomar outros rumos. Eu simplesmente amava quando Nessie me chamava para brincar, isso era a única coisa que eu fazia melhor que todos os meus irmãos.
- Claro Nessie. Do que você quer brincar?
- Vamos fazer um programa de TV?
Puxa! Até que a pequena tinha boas idéias. Eu sempre quis filmar um programa de TV. Até pensei nos títulos, O lindo vampiro Emmett, O programa do Emmett, O Game do Emmett, Emmett Show...
- Emmett!!!!!!!!!!!! – ouvi Edward gritar em algum lugar da casa.
- Calma, Edward! – eu disse a ele. Por que é que ele sempre tem q cortar o meu barato?
- Vamos, tio Emmett? – Nessie estava puxando o meu braço.
- É lógico que sim, Nessie!
- Oba!!!!!!!!!!!!!!! – a pequena saltitava de alegria.
- E então, que tipo de programa você quer filmar? – perguntei a ela.
- Não sei... Você tem alguma idéia, tio Emmett?
- Nem precisava perguntar. Nós podemos fazer um programa de entrevistas, o Emmett show! Eu vou ser o apresentador, você a câmera men, o seu pai a platéia e sua mãe a entrevistada. O que você acha, Nessie?
- Legal!!!!
Eu não tinha exatamente certeza se Edward e Bella concordariam em fazer um programa comigo, mas, Nessie estava muito empolgada com a idéia e, como os dois nunca negavam nada a filha...
- Emmett!!! – ouvi Edward gritar comigo, mas, empolgado como eu est5ava com meu programa de TV, eu não estava nem aí pra ele. Ele que fosse compor uma cantiga de ninar pra Bella e... Bem, a Bella não dorme então acho que é bobeira.
Rapidamente eu arrumei a sala para o meu programa, o Emmett Show. Nessie estava muito animada com a parte de filmar tudo, essa era a garotinha do titio. Edward sentou na platéia e Bella sentou-se no lugar da entrevistada.
- Tudo pronto, tio Emmett. – disse Nessie, ligando começando a filmar. Essa era a minha deixa!
- Boa noite vampiros e vampiras! Lobisomens! Humanos! Meio humanos e meio vampiros e quem quer que esteja assistindo a este programa. – eu sempre quis dizer isso, foi maravilhoso – Bem vindos ao Emmett show, e eu sou o Emmett. A entrevistada de hoje é a vampira recém-criada Isabella.
- Bella. – ela me corrigiu.
- Tudo bem, Bella. Me diga, quantas vezes você já ouviu o Edward dizer que você não sabe o quanto ele esperou por você?
- Emmett!!!! – ela me disse, nervosa.
- Você ainda não respondeu.
- E você acha que eu vou responder a uma pergunta idiota dessas?
- Tudo bem, vamos para a próxima. Na época em que você era humana, como você se sentia toda vez que você tropeçava nas próprias pernas?
- Emmett!!!
- OK. Como você e o Edward não conseguem destruir o chalé em suas noites calientes? Tá faltando força ou o que?
- EMMETT!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!! Isso lá é pergunta que se faça na frente de uma criança?
Se ela ainda fosse humana estaria vermelha agora.
- O que tem de errado com a minha pergunta? – quis saber, e eu lá tinha culpa se faltava entusiasmo nas noites dela com o meu irmão. Cara, quando eu paro pra pensar nas tantas casas que eu e Rose já destruímos...
- Emmett, você está acabando com a minha paciência. – disse Edward da platéia.
- A platéia não dá palpites. – eu disse a ele.
- Tio Emmett, não brigue com o papai. – Nessie disse. – Agora vamos continuar com o programa.
- Certo. – eu disse. – Continuamos com o Emmett show e, esperamos que ninguém mais interrompa, vamos a mais uma pergunta para a nossa entrevistada, Isabella.
- Bella. – ela me corrigiu mais uma vez.
- Bella, você sente muitos ciúmes quando a Tanya descaradamente dá em cima do meu irmão, o mais gostosão do pedaço?
Eu não me lembro bem o que aconteceu depois disso, só sei que a Bella voou em cima de mim e arrancou a minha língua. Tudo isso por causa de uma pergunta inocente. Edward me disse que eu estou proibido de filmar o Emmett Show por um bom tempo.
É incrível como esses vampiros são estressados. Agora a culpa é minha se a Tanya vive dando em cima do meu irmão? Talvez se ele não fosse tão perfeito, quem sabe as mulheres não ficassem tão loucas por ele.
Mas acreditem, este não será o último Emmett show. Assim que eu recuperar minha língua, estarei entrevistando outro convidado. Aguardem o próximo Emmett show. E, torçam para que eu recupere logo a minha língua.
Agora, uma das coisas que eu mais gosto de fazer é dedicar meu tempo a minha sobrinha. Não só eu, como todos os membros da família. Vai ver é por isso que a menina é tão mimada.
- Eu ouvi isso, Emmett. – ouvi Edward dizer de algum lugar da casa.
- Eu pensei alguma mentira? – perguntei a ele.
Como ele não me respondeu, achei que não havia mentira nenhuma. Entediado como estava, precisava arranjar alguma coisa para fazer, pensei em pegar minha bazuca e chamar a Nessie para praticarmos tiro ao alvo na floresta, mas, a mãe dela provavelmente não permitiria...
Cara, o que há de errado em praticar tiro ao alvo com uma bazuca? Eu sempre achei uma brincadeira muito divertida.
De repente, ouvi Nessie descer as escadas e se sentar a meu lado no sofá. Eu dei um abraço na minha sobrinha preferida.
- Tio Emmett! – ela me disse, com seu sorriso lindo.
- Fala, monstrinha!
- Vamos brincar?
Isso! Parecia que a minha tarde sem graça e entediante estava prestes a tomar outros rumos. Eu simplesmente amava quando Nessie me chamava para brincar, isso era a única coisa que eu fazia melhor que todos os meus irmãos.
- Claro Nessie. Do que você quer brincar?
- Vamos fazer um programa de TV?
Puxa! Até que a pequena tinha boas idéias. Eu sempre quis filmar um programa de TV. Até pensei nos títulos, O lindo vampiro Emmett, O programa do Emmett, O Game do Emmett, Emmett Show...
- Emmett!!!!!!!!!!!! – ouvi Edward gritar em algum lugar da casa.
- Calma, Edward! – eu disse a ele. Por que é que ele sempre tem q cortar o meu barato?
- Vamos, tio Emmett? – Nessie estava puxando o meu braço.
- É lógico que sim, Nessie!
- Oba!!!!!!!!!!!!!!! – a pequena saltitava de alegria.
- E então, que tipo de programa você quer filmar? – perguntei a ela.
- Não sei... Você tem alguma idéia, tio Emmett?
- Nem precisava perguntar. Nós podemos fazer um programa de entrevistas, o Emmett show! Eu vou ser o apresentador, você a câmera men, o seu pai a platéia e sua mãe a entrevistada. O que você acha, Nessie?
- Legal!!!!
Eu não tinha exatamente certeza se Edward e Bella concordariam em fazer um programa comigo, mas, Nessie estava muito empolgada com a idéia e, como os dois nunca negavam nada a filha...
- Emmett!!! – ouvi Edward gritar comigo, mas, empolgado como eu est5ava com meu programa de TV, eu não estava nem aí pra ele. Ele que fosse compor uma cantiga de ninar pra Bella e... Bem, a Bella não dorme então acho que é bobeira.
Rapidamente eu arrumei a sala para o meu programa, o Emmett Show. Nessie estava muito animada com a parte de filmar tudo, essa era a garotinha do titio. Edward sentou na platéia e Bella sentou-se no lugar da entrevistada.
- Tudo pronto, tio Emmett. – disse Nessie, ligando começando a filmar. Essa era a minha deixa!
- Boa noite vampiros e vampiras! Lobisomens! Humanos! Meio humanos e meio vampiros e quem quer que esteja assistindo a este programa. – eu sempre quis dizer isso, foi maravilhoso – Bem vindos ao Emmett show, e eu sou o Emmett. A entrevistada de hoje é a vampira recém-criada Isabella.
- Bella. – ela me corrigiu.
- Tudo bem, Bella. Me diga, quantas vezes você já ouviu o Edward dizer que você não sabe o quanto ele esperou por você?
- Emmett!!!! – ela me disse, nervosa.
- Você ainda não respondeu.
- E você acha que eu vou responder a uma pergunta idiota dessas?
- Tudo bem, vamos para a próxima. Na época em que você era humana, como você se sentia toda vez que você tropeçava nas próprias pernas?
- Emmett!!!
- OK. Como você e o Edward não conseguem destruir o chalé em suas noites calientes? Tá faltando força ou o que?
- EMMETT!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!! Isso lá é pergunta que se faça na frente de uma criança?
Se ela ainda fosse humana estaria vermelha agora.
- O que tem de errado com a minha pergunta? – quis saber, e eu lá tinha culpa se faltava entusiasmo nas noites dela com o meu irmão. Cara, quando eu paro pra pensar nas tantas casas que eu e Rose já destruímos...
- Emmett, você está acabando com a minha paciência. – disse Edward da platéia.
- A platéia não dá palpites. – eu disse a ele.
- Tio Emmett, não brigue com o papai. – Nessie disse. – Agora vamos continuar com o programa.
- Certo. – eu disse. – Continuamos com o Emmett show e, esperamos que ninguém mais interrompa, vamos a mais uma pergunta para a nossa entrevistada, Isabella.
- Bella. – ela me corrigiu mais uma vez.
- Bella, você sente muitos ciúmes quando a Tanya descaradamente dá em cima do meu irmão, o mais gostosão do pedaço?
Eu não me lembro bem o que aconteceu depois disso, só sei que a Bella voou em cima de mim e arrancou a minha língua. Tudo isso por causa de uma pergunta inocente. Edward me disse que eu estou proibido de filmar o Emmett Show por um bom tempo.
É incrível como esses vampiros são estressados. Agora a culpa é minha se a Tanya vive dando em cima do meu irmão? Talvez se ele não fosse tão perfeito, quem sabe as mulheres não ficassem tão loucas por ele.
Mas acreditem, este não será o último Emmett show. Assim que eu recuperar minha língua, estarei entrevistando outro convidado. Aguardem o próximo Emmett show. E, torçam para que eu recupere logo a minha língua.
Por completo
Nada havia me preparado para isso. Eu sabia que tinha que fazer algo a respeito, mas o quê? Enquanto andava de um lado para o outro da sala, tentando não esbarrar em nada, pensava no que diria para ele.
"Oi Edward. Feliz aniversário. E eu, sua amada noiva, não tenho absolutamente nada para lhe dar nessa data querida."
Argh, era um pesadelo! Sempre soube que, no meu aniversário, ele me cobriria de presentes, como já fez antes, como sua família - minha futura família - já fez, mas e quando a data fosse o aniversário dele? E hoje?
Ao meu redor, todos se preparavam para a festa surpresa. Alice me disse que Edward não gosta de surpresas, mas que iria gostar muito dessa. Segundo ela, o único problema era passar o dia inteiro tendo que recitar poemas em turco e tailandês para ele não ler seus pensamentos. Já Rosalie e Emmett estavam muito animados. Eles compraram um som novo para o Volvo. Emmett me disse que essa tecnologia é totalmente nova e mal saiu da fábrica. Tudo que eu consegui fazer foi balançar a cabeça e sorrir sem graça. Aliás, o fetiche que Emmett tem com sons de automóveis é algo que eu nunca vou entender.
Carlisle e Esme foram mais discretos e compraram apenas a casa, onde nós vamos morar durante o nosso tempo de faculdade. Uma casa! Como puderam fazer algo assim comigo? Eu sei que será um lugar para todos nós e que vamos passar por um momento difícil quando eu me transformar, mas o nome na escritura era o de Edward. Por Deus, uma casa!
Alice e Jasper compraram um sobretudo lindíssimo e de grife, claro. Óbvio que Edward não sente frio, mas quando fôssemos para a faculdade, atuar seria essencial para manter nosso segredo. E lá faz muito frio. Só de pensar, um calafrio correu em minha espinha e eu tremi. Alice, que estava ao meu lado, riu.
- Por que a tensão, Bella? - perguntou ela, fingindo não saber. - Você vai dar um presente lindo para ele e ele vai gostar muito.
- Quer me dizer então o que é? Porque eu não faço idéia - respondi, olhando para o relógio e para a janela. Era quase crepúsculo, e ele chegaria em casa logo.
- Eu não sei qual é o presente, mas, aparentemente, você sabe... só não sabe ainda que sabe - respondeu ela, sorrindo novamente.
Como eu poderia presentear Edward quando seus irmãos o cobriam de coisas caras e seus pais acabaram de comprar uma casa? Uma casa! Como eu poderia fazer algo mais especial do que isso?
Enquanto meu estado de pânico piorava, os Cullen arrumavam tudo para a pequena festa. O que era até engraçado, porque o bolo, os aperitivos, eram todos para mim, já que ninguém ali tinha comida normal na dieta. Mas os sons dos pratos, talheres, da música só aumentavam o meu desespero, que chegou ao ápice quando eu ouvi o barulho do motor do Volvo parar do lado de fora da casa.
Congelei no lugar enquanto todos correram para a porta. Quando a porta se abriu, todos gritaram "Surpresa!" e Edward sorriu, sincero. Todos se abraçaram, mas eu continuei no fundo da sala, rosto corado de vergonha de ser a única com as mãos abanando. Calmamente, ele veio até mim e, ao invés de me jogar em seus braços e beijá-lo como se não houvesse amanhã, apenas sorri timidamente.
- Feliz aniversário, Edward - disse entre sorrisos.
Não era necessário ler mentes para ver que eu estava completamente envergonhada. Mas Edward deve ter percebido isso nos meus olhos e escolhido ignorar o fato, porque ele veio até mim, me tomou em seus braços e me beijou delicadamente.
- Obrigado, Bella - sussurrou ele ao meu ouvido, fazendo o meu coração bater mais rápido e meus joelhos ficarem fracos.
- Vamos abrir os presentes! - exclamou Alice.
Edward se sentou no sofá, comigo ao seu lado. A cada presente aberto, seu sorriso iluminava seu rosto de deus grego e ele agradecia aos irmãos e aos pais como se não tivesse vivido aquilo tudo cem vezes antes. Cento e sete, para ser mais exata.
A noite passou mais rápido do que eu esperava. Subimos para o quarto e eu estava nervosa, sem saber o que falar. Foi quando acendi a luz do abajur que entendi o que Alice quis dizer. A luz bateu no coração de cristal (porque eu nunca vou admitir que é um diamante) que pendia de minha pulseira. O coração que ele me dera.
- Edward - disse eu, agora certa do que faria, certa de que ele adoraria seu presente e, melhor ainda: certa de que estava preparada para dar aquele passo. - Edward, eu não comprei nada para você de aniversário, porque não sabia o que comprar para alguém que já tem tudo - falei rapidamente.
Ele andou até mim, colocou meu rosto entre suas mãos geladas e me olhou com ternura.
- Você é realmente absurda - sussurrou, sorrindo. - Eu tenho você, não tenho?
- Sabe que tem - respondi.
- Então eu nunca vou precisar de mais nada.
Ele falou e veio em minha direção, para me beijar, mas eu o impedi.
- Não exatamente - respondi. - Você ainda não me tem por completo.
Edward soltou meu rosto e me olhou, sério.
- Bella, já tivemos essa conversa antes, e eu disse que é perigoso e que...
- Não, você não entendeu - interrompi, sorrindo, mas nervosa. - Edward, estaremos casados em poucos meses e eu concordei com tudo isso porque sei que quero passar o resto da eternidade ao seu lado. Quero que você me transforme.
Ele não piscava e eu vi que tentava ler a minha mente, mas sem êxito. Devo admitir que me senti poderosa naquele momento. Por mais que estivesse nervosa, sabia que era a coisa certa a fazer.
- Eu concordei em casar com você, mas não quer dizer que, quando você propôs era o que eu realmente queria.
- Você já me disse isso, Bella - respondeu ele, aparentemente magoado.
- Você ainda não entendeu, Edward - continuei, meus olhos encontrando os dele. - Quando você me propôs casamento, eu concordei por todas essas razões, mas agora é diferente. - Dei dois passos à frente e tomei suas mãos geladas nas minhas. - Edward Masen Cullen, eu, Isabella Marie Swan, com todo o meu coração, aceito ser sua esposa. Nada me faria mais feliz do que ter você como meu marido para o resto da eternidade.
Ao dizer as palavras em voz alta, pensei que fosse engasgar, chorar, me arrepender, mas o contrário aconteceu. A verdade nelas era absoluta e por mais que eu quisesse que não fosse, eu queria tê-lo como meu marido. Era como se casando com ele eu tivesse absoluta certeza de que estaríamos juntos realmente para sempre. Por mais que o casamento dos meus pais não tivesse funcionado, por mais que eu tivesse um medo terrível de que Edward me deixasse novamente, ser sua esposa me faria mais próxima dele. Foi então que eu realmente entendi o que Catherine quis dizer quando falou que era Heathclliff em O Morro dos Ventos Uivantes. Casando com Edward, nós seríamos um só e nada nos faria mal novamente. Só de pensar nisso, lágrimas de alívio chegaram aos meus olhos e um sorriso enorme, como eu nunca dera antes, surgiu em meus lábios.
Tomei fôlego para dizer que o amava, mas não consegui falar nada, pois Edward me tomou em seus braços e me beijou como nunca beijara antes. Havia delicadeza em seu toque, mas seus lábios tomavam os meus não como se fosse a última vez, mas a primeira de muitas. Passamos por tantos perigos e lindos momentos juntos, mas nunca algo assim, tão simples e doce, mas, ao mesmo tempo, tão íntimo. Era como se ambos, finalmente, estivessem na mesma página.
Ao sentir que ia me fazer desmaiar, como já fizera antes, Edward soltou seus lábios dos meus, mas me manteve em seus braços. Seu rosto estava no meu cabelo e acho que, se ele pudesse chorar, choraria. Isso me deixou um pouco desconfortável, mas a sensação foi embora quando ouvi sua voz ao meu ouvido.
- Você acaba de me fazer o homem mais feliz do mundo - disse ele. - Sei que falar isso é clichê, mas é a mais pura verdade.
Sorri e o abracei mais forte, mais feliz do que nunca.
Da porta do quarto, ouvi a voz musical de Alice sussurrar: "Eu disse."
"Oi Edward. Feliz aniversário. E eu, sua amada noiva, não tenho absolutamente nada para lhe dar nessa data querida."
Argh, era um pesadelo! Sempre soube que, no meu aniversário, ele me cobriria de presentes, como já fez antes, como sua família - minha futura família - já fez, mas e quando a data fosse o aniversário dele? E hoje?
Ao meu redor, todos se preparavam para a festa surpresa. Alice me disse que Edward não gosta de surpresas, mas que iria gostar muito dessa. Segundo ela, o único problema era passar o dia inteiro tendo que recitar poemas em turco e tailandês para ele não ler seus pensamentos. Já Rosalie e Emmett estavam muito animados. Eles compraram um som novo para o Volvo. Emmett me disse que essa tecnologia é totalmente nova e mal saiu da fábrica. Tudo que eu consegui fazer foi balançar a cabeça e sorrir sem graça. Aliás, o fetiche que Emmett tem com sons de automóveis é algo que eu nunca vou entender.
Carlisle e Esme foram mais discretos e compraram apenas a casa, onde nós vamos morar durante o nosso tempo de faculdade. Uma casa! Como puderam fazer algo assim comigo? Eu sei que será um lugar para todos nós e que vamos passar por um momento difícil quando eu me transformar, mas o nome na escritura era o de Edward. Por Deus, uma casa!
Alice e Jasper compraram um sobretudo lindíssimo e de grife, claro. Óbvio que Edward não sente frio, mas quando fôssemos para a faculdade, atuar seria essencial para manter nosso segredo. E lá faz muito frio. Só de pensar, um calafrio correu em minha espinha e eu tremi. Alice, que estava ao meu lado, riu.
- Por que a tensão, Bella? - perguntou ela, fingindo não saber. - Você vai dar um presente lindo para ele e ele vai gostar muito.
- Quer me dizer então o que é? Porque eu não faço idéia - respondi, olhando para o relógio e para a janela. Era quase crepúsculo, e ele chegaria em casa logo.
- Eu não sei qual é o presente, mas, aparentemente, você sabe... só não sabe ainda que sabe - respondeu ela, sorrindo novamente.
Como eu poderia presentear Edward quando seus irmãos o cobriam de coisas caras e seus pais acabaram de comprar uma casa? Uma casa! Como eu poderia fazer algo mais especial do que isso?
Enquanto meu estado de pânico piorava, os Cullen arrumavam tudo para a pequena festa. O que era até engraçado, porque o bolo, os aperitivos, eram todos para mim, já que ninguém ali tinha comida normal na dieta. Mas os sons dos pratos, talheres, da música só aumentavam o meu desespero, que chegou ao ápice quando eu ouvi o barulho do motor do Volvo parar do lado de fora da casa.
Congelei no lugar enquanto todos correram para a porta. Quando a porta se abriu, todos gritaram "Surpresa!" e Edward sorriu, sincero. Todos se abraçaram, mas eu continuei no fundo da sala, rosto corado de vergonha de ser a única com as mãos abanando. Calmamente, ele veio até mim e, ao invés de me jogar em seus braços e beijá-lo como se não houvesse amanhã, apenas sorri timidamente.
- Feliz aniversário, Edward - disse entre sorrisos.
Não era necessário ler mentes para ver que eu estava completamente envergonhada. Mas Edward deve ter percebido isso nos meus olhos e escolhido ignorar o fato, porque ele veio até mim, me tomou em seus braços e me beijou delicadamente.
- Obrigado, Bella - sussurrou ele ao meu ouvido, fazendo o meu coração bater mais rápido e meus joelhos ficarem fracos.
- Vamos abrir os presentes! - exclamou Alice.
Edward se sentou no sofá, comigo ao seu lado. A cada presente aberto, seu sorriso iluminava seu rosto de deus grego e ele agradecia aos irmãos e aos pais como se não tivesse vivido aquilo tudo cem vezes antes. Cento e sete, para ser mais exata.
A noite passou mais rápido do que eu esperava. Subimos para o quarto e eu estava nervosa, sem saber o que falar. Foi quando acendi a luz do abajur que entendi o que Alice quis dizer. A luz bateu no coração de cristal (porque eu nunca vou admitir que é um diamante) que pendia de minha pulseira. O coração que ele me dera.
- Edward - disse eu, agora certa do que faria, certa de que ele adoraria seu presente e, melhor ainda: certa de que estava preparada para dar aquele passo. - Edward, eu não comprei nada para você de aniversário, porque não sabia o que comprar para alguém que já tem tudo - falei rapidamente.
Ele andou até mim, colocou meu rosto entre suas mãos geladas e me olhou com ternura.
- Você é realmente absurda - sussurrou, sorrindo. - Eu tenho você, não tenho?
- Sabe que tem - respondi.
- Então eu nunca vou precisar de mais nada.
Ele falou e veio em minha direção, para me beijar, mas eu o impedi.
- Não exatamente - respondi. - Você ainda não me tem por completo.
Edward soltou meu rosto e me olhou, sério.
- Bella, já tivemos essa conversa antes, e eu disse que é perigoso e que...
- Não, você não entendeu - interrompi, sorrindo, mas nervosa. - Edward, estaremos casados em poucos meses e eu concordei com tudo isso porque sei que quero passar o resto da eternidade ao seu lado. Quero que você me transforme.
Ele não piscava e eu vi que tentava ler a minha mente, mas sem êxito. Devo admitir que me senti poderosa naquele momento. Por mais que estivesse nervosa, sabia que era a coisa certa a fazer.
- Eu concordei em casar com você, mas não quer dizer que, quando você propôs era o que eu realmente queria.
- Você já me disse isso, Bella - respondeu ele, aparentemente magoado.
- Você ainda não entendeu, Edward - continuei, meus olhos encontrando os dele. - Quando você me propôs casamento, eu concordei por todas essas razões, mas agora é diferente. - Dei dois passos à frente e tomei suas mãos geladas nas minhas. - Edward Masen Cullen, eu, Isabella Marie Swan, com todo o meu coração, aceito ser sua esposa. Nada me faria mais feliz do que ter você como meu marido para o resto da eternidade.
Ao dizer as palavras em voz alta, pensei que fosse engasgar, chorar, me arrepender, mas o contrário aconteceu. A verdade nelas era absoluta e por mais que eu quisesse que não fosse, eu queria tê-lo como meu marido. Era como se casando com ele eu tivesse absoluta certeza de que estaríamos juntos realmente para sempre. Por mais que o casamento dos meus pais não tivesse funcionado, por mais que eu tivesse um medo terrível de que Edward me deixasse novamente, ser sua esposa me faria mais próxima dele. Foi então que eu realmente entendi o que Catherine quis dizer quando falou que era Heathclliff em O Morro dos Ventos Uivantes. Casando com Edward, nós seríamos um só e nada nos faria mal novamente. Só de pensar nisso, lágrimas de alívio chegaram aos meus olhos e um sorriso enorme, como eu nunca dera antes, surgiu em meus lábios.
Tomei fôlego para dizer que o amava, mas não consegui falar nada, pois Edward me tomou em seus braços e me beijou como nunca beijara antes. Havia delicadeza em seu toque, mas seus lábios tomavam os meus não como se fosse a última vez, mas a primeira de muitas. Passamos por tantos perigos e lindos momentos juntos, mas nunca algo assim, tão simples e doce, mas, ao mesmo tempo, tão íntimo. Era como se ambos, finalmente, estivessem na mesma página.
Ao sentir que ia me fazer desmaiar, como já fizera antes, Edward soltou seus lábios dos meus, mas me manteve em seus braços. Seu rosto estava no meu cabelo e acho que, se ele pudesse chorar, choraria. Isso me deixou um pouco desconfortável, mas a sensação foi embora quando ouvi sua voz ao meu ouvido.
- Você acaba de me fazer o homem mais feliz do mundo - disse ele. - Sei que falar isso é clichê, mas é a mais pura verdade.
Sorri e o abracei mais forte, mais feliz do que nunca.
Da porta do quarto, ouvi a voz musical de Alice sussurrar: "Eu disse."
Influencia
"Nos tempos antigos, a enfermidade foi atribuída aos deuses, devido à influência que se pensava que eles exerciam sobre a humanidade. Naquele setembro de 1918, cheguei a acreditar que Deus estava punindo os homens pelas suas atitudes vis e egoístas na busca pelo poder, lançando sobre o mundo o que provavelmente seria a pior pandemia conhecida pela história. Para mim, aquela era a única explicação plausível para o que designaram ser a Influenza Espanhola; mesmo que eu constantemente me questionasse se era um real merecedor dela ao contraí-la."
Prólogo
Começou com a cabeça explodindo de dor e os olhos ardendo como fogo em brasa. Depois vieram a inapetência, a parca sensação de prostração e, por fim, os calafrios; eu tentava me aquecer, mas não havia manta nem cobertor que os parasse. Eu não conseguia mais dormir, agonizando em meio a delírios e pesadelos à medida que a febre aumentava. A dor consumia meu corpo e, em raros estados de semiconsciência, minha mente gritava: Você vai morrer, Edward Masen.
Era a Influenza Espanhola,* eu sabia. E aquilo era pior do que morrer na guerra.
Capítulo I - A Família Masen
A música era a única coisa capaz de me acalentar quando tudo parecia difícil de ser suportado. A cada acorde executado, eu vertia de mim todo o fluxo de pensamentos que me corroía por dentro, e me sentia um pouco mais liberto dos grilhões nos quais acorrentava a minha própria alma. E, naqueles dias taciturnos, eu passava a maior parte do meu tempo livre tocando. Harmonizava dores e tristezas; alegrias, amores e pesares. E mais dores. As que eram minhas, e as que não eram. Principalmente, as dores dela.
E naquela tarde sombria de agosto, eu vertia o silêncio de suas palavras.
Os meus dedos corriam suaves pelas teclas do piano; o tom da melodia que delas retirava era lúgubre. Uma sucessão rítmica de sons que eu não saberia tocar de modo análogo se desejasse produzi-la novamente. Aquela não era uma composição, eram sentimentos. Toda a carga de sentimentos que provinha dos pensamentos dela naquele momento transformada em música.
A maioridade civil passava a ser 18 anos; o alistamento militar era obrigatório e Edward já estava com 17 anos. Eu podia ver, mesmo estando de olhos fechados, todas as linhas de aflição que ela buscava ocultar de mim em seu rosto. Meu puro e cortês Edward, tendo que portar armas e matar pessoas por uma causa que não era dele. Eu sentia o medo e a angústia dela ao pensar que eu teria que macular minhas mãos com sangue de semelhantes por causa da guerra. Em algum lugar da Europa, civis e militares morriam. E em menos de um ano, meu filho poderia ser um deles. Eu podia imaginar meu corpo mutilado, em estágio de decomposição, em algum campo de batalha. Meu túmulo em Chicago seria meramente simbólico e eu seria enterrado em solo europeu, junto a centena de outros homens. Meus pais talvez recebessem méritos pela minha morte honrada, em defesa dos interesses da pátria.
As teclas afundaram de modo ríspido com o peso das minhas mãos e um uníssono grave e desacorde ecoou pelo recinto. Eu abri os olhos e inspirei fundo, retirando meus dedos do teclado. Uma paz desvirtuada se alastrou por todo o meu exterior, dando uma vazão maior ao suplício interno dos meus pensamentos. E à minha frente, sob o vão de entrada da sala de música, percebi que os orbes verdes de Elisabeth Masen me estudavam atentamente.
- Edward - ela murmurou, tão logo notou que eu também a observava, forçando-se a esboçar um sorriso pacífico, que eu não retribuí.
- Meu pai já chegou? - questionei, desviando do seu olhar padecido, e mirei as teclas de marfim do piano, inexpressivo. Sabia o motivo pelo qual ela viera até ali e estava cansado de refletir sobre ele comigo mesmo. E, muito menos, desejava retratá-lo a fundo com ela por agora. Ainda tínhamos tempo até que a hora derradeira chegasse.
- Não ainda, mas creio que ele estará conosco em breve - ela me respondeu, solícita. - Ele deve saber... - completou, esperando certa reciprocidade da minha parte.
Permaneci impassível, ainda a mirar o teclado do piano; mas eu sabia que minha mãe não desistiria tão facilmente.
Instantes depois, os passos dela ecoaram em meus ouvidos enquanto vinha até mim. Eu a aguardei, inerte, e senti suas mãos delicadas pousarem em meus ombros.
- Querido, juntos, nós podemos pensar numa forma de... - ela começou, num timbre meio incerto, silenciando quando notou minhas mãos se sobreporem às dela.
Eu observei seu rosto apurado por um breve período e, gentilmente, retirei-as dos meus ombros e me ergui da cadeira em que estava sentado. Ela não se manifestou quanto à minha reação. Calado, caminhei até a janela, enunciando implicitamente que não gostaria de falar sobre aquele assunto. Pus as mãos no bolso e recostei a cabeça no vidro da janela. Observei o começo do entardecer na cidade, como se nada mais no mundo me fosse mais agradável do que desfrutar daquele breve momento.
As pessoas lá fora transitavam calmamente pelas ruas, passando uma tranqüilidade e uma falsa idéia de rotina que eu sabia que não era compartilhada por todos. Eu procurei me focar nelas, esquecendo as minhas próprias preocupações e as da Sra. Masen.
- Edward... - ela insistiu num ar meio angustiado, tornando a se aproximar de mim a passos calculados; eu senti suas mãos em meus ombros mais uma vez, apertando-os fortemente. - Nós poderíamos; eu sei que poderíamos. Seu pai possui certa influência e...
- Não, não poderíamos. A senhora sabe que não, mãe. Idealizar algo impossível de ser concretizado só vai tornar a situação ainda mais difícil - eu a interrompi de maneira suave, procurando trazê-la de volta à realidade. - E eu posso não ir para a guerra. É desnecessário ficar remoendo isso agora; não temos certeza dos fatos ainda.
- E se você for, filho? - ela retorquiu num tom rouco. - Você não pode simplesmente pedir para que eu não me preocupe com isso. Eu não suporto sequer pensar na idéia de perdê-lo, Edward, você é meu único filho. E o seu pai, como ficaria?
Eu me virei para encará-la e ela, instintivamente, recuou alguns passos para me observar melhor. Seus olhos verdes estavam vazios de desalento, mas ela ainda sustentava em si seu porte forte e altivo. Respirei fundo e retribuí o seu olhar com uma expressão serena.
- Eu só não quero que sofra por antecipação, mãe - eu falei pausadamente, tentando amenizar um pouco da sua preocupação. - Para mim, essa guerra chegou ao limite; a Europa está devastada e eu creio que os países envolvidos não agüentarão por muito tempo. Eu não me surpreenderia se ela acabasse daqui a alguns meses; cedo ou tarde, eles entrarão num acordo.
- Espero que cedo - ela ressaltou num sussurro rouco, sorrindo de modo tênue para mim.
Eu assenti com um meneio de cabeça, voltando a olhar para a janela. Era minha esperança também. Podia não admitir para os outros, mas eu também não queria ir à guerra. Receber méritos por forrar o chão de cadáveres não era o que eu considerava uma atitude nobre. Matar alguém, mesmo que por obediência, não me deixava mais resignado. Aceitar isso era contrariar meus próprios princípios, mesmo tendo amor à minha pátria; ao mesmo tempo em que não aceitar faria com que uma desgraça caísse sobre a minha família e sobre mim mesmo.
Permanecemos assim por tempo indeterminado, até que minha mãe se afastou lentamente. Eu olhei para ela, apenas para observá-la dar as costas para mim e se retirar da sala em profundo silêncio, fechando a porta atrás de si. Suspirei e voltei a dedilhar no piano, sabendo que meu comentário não serviu em nada para diminuir a intranqüilidade de minha mãe.
Mas, naquela vez em especial, eu não cheguei a tocar por muito tempo. Cerca de meia hora depois, selei as teclas do piano e caminhei para fora do cômodo. Do corredor, eu já podia ouvir minha mãe a cuidar dos seus afazeres com esmero; seus pés movimentando-se graciosamente pelo piso de madeira-de-lei enquanto despejava ordens para os poucos criados que tínhamos. Eu sabia que a casa era para minha mãe o que o piano agora era para mim; era a sua válvula de escape particular, e não havia como fazê-la pensar de forma diferente.
Respirei fundo e me enclausurei no meu quarto. Deitei na cama num gesto cansado e permaneci a fitar o teto, um tanto quanto entediado. Queria evitar encará-la para que não precisasse ver novamente em suas feições o quanto ela ainda se prostrava por causa daquela maldita notícia. Era importuno aquele comportamento dela, assim como o fato de não conseguir parar de pensar sobre aquilo nem que eu desejasse.
As horas correram morosas até que meu pai finalmente estivesse em casa. Não soube ao certo se em algum momento eu cheguei a dormir, mas me mostrei insatisfeito por isso não ter ocorrido quando minha mãe entrou no meu quarto e disse que o jantar já ia ser servido. Cogitei a possibilidade de alegar que estava um pouco indisposto e preferia ficar deitado, mas apenas me ergui da cama e a acompanhei lentamente, contrafeito.
Eu não poderia dizer que éramos uma das famílias mais ricas da cidade, mas nós vivíamos financeiramente bem. Meu pai era um excelente advogado, o que fazia dele um indivíduo bem prestigiado no meio jurídico local. Isso, é claro, não fazia dele alguém menos ocupado e era certo dizer que eu e minha mãe não o víamos com muita freqüência. Por isso, para os Masen, era praticamente indiscutível o fato de que todos deveriam sentar-se à mesa juntos para a realização das refeições, excetuando momentos excepcionais (a maioria irrefutável deles consistia num julgamento que durava um tempo maior do que necessário e meu pai não podendo comparecer por conta disso). Eu sabia que não havia alegria maior para a Sra. Masen do que ocupar o lado esquerdo de meu pai à mesa enquanto me via à sua frente; no entanto, enquanto avançava pelo corredor, peguei-me desejando que meu pai não tivesse comparecido ao jantar aquela noite, pois deduzia que o assunto recairia na redução da maioridade novamente.
Para meu alívio, meu pai sequer mencionara que gostaria de tratar sobre a questão, mas seu olhar cansado me dizia que ele procuraria saber o que eu pensava a respeito, em outra ocasião. Minha mãe, para minha intensa surpresa, pareceu querer respeitar o nosso mutismo e o jantar sucedeu de forma solenemente silenciosa. Mal sabíamos nós que, quase um mês depois, o alistamento militar seria um dos nossos menores problemas.
Afinal, de uma forma ou de outra, eu jamais chegaria aos meus 18 anos.
*Só por curiosidade: Essa denominação "Influenza Espanhola" - ou Gripe Espanhola - partiu do pressuposto de que a moléstia havia se originado na Espanha e/ou lá fizera o maior número de vítimas; outros dizem que recebeu esse nome porque a Espanha foi o primeiro país a noticiar que em vários lugares havia civis morrendo por conta dessa doença. Mas ciência é controversa a respeito do assunto e há quem diga que ela se originou em campos de treinamento militar no interior dos Estados Unidos e se propagou na Europa, quando os soldados americanos partiram para lá.
Prólogo
Começou com a cabeça explodindo de dor e os olhos ardendo como fogo em brasa. Depois vieram a inapetência, a parca sensação de prostração e, por fim, os calafrios; eu tentava me aquecer, mas não havia manta nem cobertor que os parasse. Eu não conseguia mais dormir, agonizando em meio a delírios e pesadelos à medida que a febre aumentava. A dor consumia meu corpo e, em raros estados de semiconsciência, minha mente gritava: Você vai morrer, Edward Masen.
Era a Influenza Espanhola,* eu sabia. E aquilo era pior do que morrer na guerra.
Capítulo I - A Família Masen
A música era a única coisa capaz de me acalentar quando tudo parecia difícil de ser suportado. A cada acorde executado, eu vertia de mim todo o fluxo de pensamentos que me corroía por dentro, e me sentia um pouco mais liberto dos grilhões nos quais acorrentava a minha própria alma. E, naqueles dias taciturnos, eu passava a maior parte do meu tempo livre tocando. Harmonizava dores e tristezas; alegrias, amores e pesares. E mais dores. As que eram minhas, e as que não eram. Principalmente, as dores dela.
E naquela tarde sombria de agosto, eu vertia o silêncio de suas palavras.
Os meus dedos corriam suaves pelas teclas do piano; o tom da melodia que delas retirava era lúgubre. Uma sucessão rítmica de sons que eu não saberia tocar de modo análogo se desejasse produzi-la novamente. Aquela não era uma composição, eram sentimentos. Toda a carga de sentimentos que provinha dos pensamentos dela naquele momento transformada em música.
A maioridade civil passava a ser 18 anos; o alistamento militar era obrigatório e Edward já estava com 17 anos. Eu podia ver, mesmo estando de olhos fechados, todas as linhas de aflição que ela buscava ocultar de mim em seu rosto. Meu puro e cortês Edward, tendo que portar armas e matar pessoas por uma causa que não era dele. Eu sentia o medo e a angústia dela ao pensar que eu teria que macular minhas mãos com sangue de semelhantes por causa da guerra. Em algum lugar da Europa, civis e militares morriam. E em menos de um ano, meu filho poderia ser um deles. Eu podia imaginar meu corpo mutilado, em estágio de decomposição, em algum campo de batalha. Meu túmulo em Chicago seria meramente simbólico e eu seria enterrado em solo europeu, junto a centena de outros homens. Meus pais talvez recebessem méritos pela minha morte honrada, em defesa dos interesses da pátria.
As teclas afundaram de modo ríspido com o peso das minhas mãos e um uníssono grave e desacorde ecoou pelo recinto. Eu abri os olhos e inspirei fundo, retirando meus dedos do teclado. Uma paz desvirtuada se alastrou por todo o meu exterior, dando uma vazão maior ao suplício interno dos meus pensamentos. E à minha frente, sob o vão de entrada da sala de música, percebi que os orbes verdes de Elisabeth Masen me estudavam atentamente.
- Edward - ela murmurou, tão logo notou que eu também a observava, forçando-se a esboçar um sorriso pacífico, que eu não retribuí.
- Meu pai já chegou? - questionei, desviando do seu olhar padecido, e mirei as teclas de marfim do piano, inexpressivo. Sabia o motivo pelo qual ela viera até ali e estava cansado de refletir sobre ele comigo mesmo. E, muito menos, desejava retratá-lo a fundo com ela por agora. Ainda tínhamos tempo até que a hora derradeira chegasse.
- Não ainda, mas creio que ele estará conosco em breve - ela me respondeu, solícita. - Ele deve saber... - completou, esperando certa reciprocidade da minha parte.
Permaneci impassível, ainda a mirar o teclado do piano; mas eu sabia que minha mãe não desistiria tão facilmente.
Instantes depois, os passos dela ecoaram em meus ouvidos enquanto vinha até mim. Eu a aguardei, inerte, e senti suas mãos delicadas pousarem em meus ombros.
- Querido, juntos, nós podemos pensar numa forma de... - ela começou, num timbre meio incerto, silenciando quando notou minhas mãos se sobreporem às dela.
Eu observei seu rosto apurado por um breve período e, gentilmente, retirei-as dos meus ombros e me ergui da cadeira em que estava sentado. Ela não se manifestou quanto à minha reação. Calado, caminhei até a janela, enunciando implicitamente que não gostaria de falar sobre aquele assunto. Pus as mãos no bolso e recostei a cabeça no vidro da janela. Observei o começo do entardecer na cidade, como se nada mais no mundo me fosse mais agradável do que desfrutar daquele breve momento.
As pessoas lá fora transitavam calmamente pelas ruas, passando uma tranqüilidade e uma falsa idéia de rotina que eu sabia que não era compartilhada por todos. Eu procurei me focar nelas, esquecendo as minhas próprias preocupações e as da Sra. Masen.
- Edward... - ela insistiu num ar meio angustiado, tornando a se aproximar de mim a passos calculados; eu senti suas mãos em meus ombros mais uma vez, apertando-os fortemente. - Nós poderíamos; eu sei que poderíamos. Seu pai possui certa influência e...
- Não, não poderíamos. A senhora sabe que não, mãe. Idealizar algo impossível de ser concretizado só vai tornar a situação ainda mais difícil - eu a interrompi de maneira suave, procurando trazê-la de volta à realidade. - E eu posso não ir para a guerra. É desnecessário ficar remoendo isso agora; não temos certeza dos fatos ainda.
- E se você for, filho? - ela retorquiu num tom rouco. - Você não pode simplesmente pedir para que eu não me preocupe com isso. Eu não suporto sequer pensar na idéia de perdê-lo, Edward, você é meu único filho. E o seu pai, como ficaria?
Eu me virei para encará-la e ela, instintivamente, recuou alguns passos para me observar melhor. Seus olhos verdes estavam vazios de desalento, mas ela ainda sustentava em si seu porte forte e altivo. Respirei fundo e retribuí o seu olhar com uma expressão serena.
- Eu só não quero que sofra por antecipação, mãe - eu falei pausadamente, tentando amenizar um pouco da sua preocupação. - Para mim, essa guerra chegou ao limite; a Europa está devastada e eu creio que os países envolvidos não agüentarão por muito tempo. Eu não me surpreenderia se ela acabasse daqui a alguns meses; cedo ou tarde, eles entrarão num acordo.
- Espero que cedo - ela ressaltou num sussurro rouco, sorrindo de modo tênue para mim.
Eu assenti com um meneio de cabeça, voltando a olhar para a janela. Era minha esperança também. Podia não admitir para os outros, mas eu também não queria ir à guerra. Receber méritos por forrar o chão de cadáveres não era o que eu considerava uma atitude nobre. Matar alguém, mesmo que por obediência, não me deixava mais resignado. Aceitar isso era contrariar meus próprios princípios, mesmo tendo amor à minha pátria; ao mesmo tempo em que não aceitar faria com que uma desgraça caísse sobre a minha família e sobre mim mesmo.
Permanecemos assim por tempo indeterminado, até que minha mãe se afastou lentamente. Eu olhei para ela, apenas para observá-la dar as costas para mim e se retirar da sala em profundo silêncio, fechando a porta atrás de si. Suspirei e voltei a dedilhar no piano, sabendo que meu comentário não serviu em nada para diminuir a intranqüilidade de minha mãe.
Mas, naquela vez em especial, eu não cheguei a tocar por muito tempo. Cerca de meia hora depois, selei as teclas do piano e caminhei para fora do cômodo. Do corredor, eu já podia ouvir minha mãe a cuidar dos seus afazeres com esmero; seus pés movimentando-se graciosamente pelo piso de madeira-de-lei enquanto despejava ordens para os poucos criados que tínhamos. Eu sabia que a casa era para minha mãe o que o piano agora era para mim; era a sua válvula de escape particular, e não havia como fazê-la pensar de forma diferente.
Respirei fundo e me enclausurei no meu quarto. Deitei na cama num gesto cansado e permaneci a fitar o teto, um tanto quanto entediado. Queria evitar encará-la para que não precisasse ver novamente em suas feições o quanto ela ainda se prostrava por causa daquela maldita notícia. Era importuno aquele comportamento dela, assim como o fato de não conseguir parar de pensar sobre aquilo nem que eu desejasse.
As horas correram morosas até que meu pai finalmente estivesse em casa. Não soube ao certo se em algum momento eu cheguei a dormir, mas me mostrei insatisfeito por isso não ter ocorrido quando minha mãe entrou no meu quarto e disse que o jantar já ia ser servido. Cogitei a possibilidade de alegar que estava um pouco indisposto e preferia ficar deitado, mas apenas me ergui da cama e a acompanhei lentamente, contrafeito.
Eu não poderia dizer que éramos uma das famílias mais ricas da cidade, mas nós vivíamos financeiramente bem. Meu pai era um excelente advogado, o que fazia dele um indivíduo bem prestigiado no meio jurídico local. Isso, é claro, não fazia dele alguém menos ocupado e era certo dizer que eu e minha mãe não o víamos com muita freqüência. Por isso, para os Masen, era praticamente indiscutível o fato de que todos deveriam sentar-se à mesa juntos para a realização das refeições, excetuando momentos excepcionais (a maioria irrefutável deles consistia num julgamento que durava um tempo maior do que necessário e meu pai não podendo comparecer por conta disso). Eu sabia que não havia alegria maior para a Sra. Masen do que ocupar o lado esquerdo de meu pai à mesa enquanto me via à sua frente; no entanto, enquanto avançava pelo corredor, peguei-me desejando que meu pai não tivesse comparecido ao jantar aquela noite, pois deduzia que o assunto recairia na redução da maioridade novamente.
Para meu alívio, meu pai sequer mencionara que gostaria de tratar sobre a questão, mas seu olhar cansado me dizia que ele procuraria saber o que eu pensava a respeito, em outra ocasião. Minha mãe, para minha intensa surpresa, pareceu querer respeitar o nosso mutismo e o jantar sucedeu de forma solenemente silenciosa. Mal sabíamos nós que, quase um mês depois, o alistamento militar seria um dos nossos menores problemas.
Afinal, de uma forma ou de outra, eu jamais chegaria aos meus 18 anos.
*Só por curiosidade: Essa denominação "Influenza Espanhola" - ou Gripe Espanhola - partiu do pressuposto de que a moléstia havia se originado na Espanha e/ou lá fizera o maior número de vítimas; outros dizem que recebeu esse nome porque a Espanha foi o primeiro país a noticiar que em vários lugares havia civis morrendo por conta dessa doença. Mas ciência é controversa a respeito do assunto e há quem diga que ela se originou em campos de treinamento militar no interior dos Estados Unidos e se propagou na Europa, quando os soldados americanos partiram para lá.